terça-feira, 19 de julho de 2011

MUSICA,NA APRENDIZAGEM

A Importância da Música na Aprendizagem

A presença da música na vida dos
seres humanos acompanha a história da
humanidade. Haja vista, que a mesma é uma
fonte inesgotável e incontestável de
recursos, exerce as mais diferentes funções.
Ela está presente em todas as culturas, em
todas as épocas, sendo vista como uma
linguagem universal, que ultrapassa as
barreiras do tempo e do espaço.
No entanto a forma pela qual a
música, como linguagem acontece no seio
dos diferentes grupos sociais é bastante
diversificada.
A música que é vivenciada em uma
cerimônia de Quarup, no Parque do Xingu, por exemplo, tem um caráter bastante diverso
da música que colocamos no CD player do nosso carro; o mantra entoado em um templo
budista, por sua vez, não apresenta a mesma função de um canto de lavadeiras do Rio São
Francisco.
Apesar dessas diferentes funções, em todas essas situações e em muitas outras, a
música acompanha os seres humanos em quase todos os momentos de sua jornada no
planeta Terra. E, particularmente nos dias atuais, deve ser vista como uma das mais
importantes formas de comunicação entre os seres humanos.
Entretanto, há várias décadas a mesma encontra-se praticamente ausente das escolas
brasileiras. Esta ausência, sentida desde os primeiros anos de escolaridade, vem justificar a
preocupação quanto à democratização ao acesso das artes em geral no país.
Em tempos não muito distantes, em nossas lembranças era comum ouvir vozes de
crianças cantando, nas escolas, enquanto elas brincavam e se divertiam. A música e os
cantos infantis exerciam papel fundamental na vida da criança, estimulando a percepção e
auxiliando no desenvolvimento da mesma. Atualmente a escola está afônica, adormecida,
contaminada pelo som mecânico, alienadas pela música que toma conta dos corredores e
massifica o inconsciente como um “vírus”, que penetra nos ouvidos das crianças e de quem
quer que esteja no espaço escolar.
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Música: Ingrediente Indispensável
A música, presença viva no dia-a-dia, integra aspectos cognitivos, afetivos,
sensíveis, sociais, culturais e até mesmo estéticos, vem ancorar projetos inter, multi e
transdisciplinares com outras áreas de conhecimento: movimento, artes visuais, expressão
cênica, etc... tornando possível articular o aprendizado escolar com a sua vida diária. Por
que é tão pouco usada por professores na Educação Infantil?
Analisando algumas práticas desenvolvidas, podemos perceber que a música como
objeto de produção do conhecimento, torna-se um ingrediente indispensável ao professor
como coadjuvante integral das potencialidades das crianças no cotidiano escolar. Por meio
dela, é possível perceber diversas emoções, apurar os sentidos, atentar a criança para o
aprendizado, oportunizar-lhe momentos criativos e espontâneos, tornando-a crítica.
Ao mesmo tempo que a música possibilita essa diversidade de estímulos, ela, por
seu caráter relaxante, pode estimular a absorção de informações, isto é; a aprendizagem.
LOSAVOV, cientista búlgaro afirma que:
“ouvindo música clássica, lenta, a pessoa passa do nível alfa (alerta) para o nível
beta (relaxados, mas, atentos); baixando a ciclagem cerebral, aumentam as atividades dos
neurônios e as sinapses tornam-se mais rápidas, facilitando a concentração e a
aprendizagem”
Diante da realidade brasileira, a educação musical na Educação Infantil e nas
séries iniciais do Ensino Fundamental não apresenta características próprias, identidade de
saber escolar, nem possibilidades de acesso à prática musical, em que se articulam
experiências adquiridas tanto fora quanto dentro do sistema escolar de ensino.,
Enfim, o que podemos conceber, por intermédio da música é que efetivamente a
prática dessa estratégia de trabalho seja pelo aprendizado de um instrumento, seja pela
apreciação, potencializa a aprendizagem cognitiva, especialmente no tocante ao raciocínio
lógico, da memória, do espaço e do raciocínio abstrato.
Sendo um lugar privilegiado para o desenvolvimento da atividade musical, já que a
criança se expressa espontaneamente sonora e corporalmente, a educação infantil é o
momento mais indicado para se iniciar o trabalho sistemático com música.
No entanto a música está presente em todos os momentos da nossa vida. É uma das
formas mais importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no
contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente e a voz
por ser um instrumento musical delicado que precisa de cuidados especiais se utilizada mal,
corremos o risco de perdê-la ou machucá-la. Prestar atenção à voz falada e cantada dos
alunos é uma atividade corriqueira dos professores. Nesse caso, se observarmos qualquer
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problema com a voz das crianças, uma rouquidão constante, palavras pronunciadas de
forma diferente ou perda de voz, devemos encaminhá-la a um fonoaudiólogo.
A Música e o Desenvolvimento Afetivo
A afetividade humana tem sido, por diversas vezes
menosprezada pela sociedade tecnicista e voraz, a qual
pertencemos. Nesse campo de desenvolvimento lidamos com
os efeitos da prática musical que se mostram claros, primam
por acalmar indivíduos, quando expostos a uma melodia
serena e dependendo da aceleração do andamento da música,
ficam mais alertas.
Nossos avós já sabiam acalmar os bebês, colocando-os
junto ao peito, deixando-o mais calmo. Segundo a explicação
cientifica, é que nessa posição o bebê sente as batidas do
coração de quem o está segurando, o que remete ao que ele ouvia ainda no útero, isto, é o
coração da mãe. Além disso, a eficácia, das canções de ninar é a prova concreta de que a
música e o afeto se unem em uma alguimia mágica para a criança.
Inúmeras pesquisas desenvolvidas em diferentes países confirmam que a
influencia da música no desenvolvimento da criança é insubstituível. Algumas delas
demonstram que o bebê, ainda no útero materno, desenvolve reações a estímulos sonoros.
O som é uma onda invisível, e por meio da percepção tornamos esse invisível, visível,
respeitando a medida do tempo no tempo da medida e de suas direções. Sendo um
fenômeno sonoro, a música só pode ser pensada, construída, descoberta, manipulada,
refletida, representada, reproduzida, etc... com sons, pois ela é presença concreta e assim se
realiza.
Dessa forma, a música não é abstrata, nem é pura descarga de emoções, ela é
objeto de conhecimento palpável que deve ser descoberto pelas crianças a partir do seu
fazer musical.
Portanto, a noção do conhecimento musical, surge da ação da criança com a música,
cuja característica primordial é o movimento simultâneo e sucessivo de seus elementos.
Assim, dentro de um processo ativo e lúdico a criança poderá construir seu conhecimento
musical, quando interagir com objetos sonoros existentes em seu contexto social.
A importância da música para o desenvolvimento afetivo
Um outro campo de desenvolvimento da música é a afetividade humana. Nós que
lidamos com crianças percebemos isso.
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Em pesquisa realizada na Universidade de Toronto, no Canadá, comprovou algo que
muitos pais e educadores já imaginavam: os bebês tendem a permanecer mais calmos
quando expostos a uma melodia serena e dependendo da aceleração da música, ficam mais
alertas e espertos.
Por isso, a linguagem musical tem sido apontada como uma das áreas de
conhecimento mais importantes a serem trabalhadas na educação infantil, ao lado da
linguagem oral e escrita, raciocínio lógico-matemático, artes cênicas, etc.
Assim, o ensino de música nas escolas é uma forma de propiciar aos alunos o
entendimento e desenvolvimento desse domínio, que, por ser especializado, poderá
contribuir para o seu desenvolvimento global. As justificativas dos profissionais, entretanto,
sugerem que o entendimento e desenvolvimento da música como domínio único não parece
algo relevante em si mesmo.
Não se trata de questionar a capacidade da música em contribuir com o
desenvolvimento da personalidade, sensibilidade, corpo e intelecto ou com a aquisição de
conhecimento em outras áreas curriculares, uma vez que a música não parece se justificar
como disciplina escolar específica, visto que seus valores e benefícios também poderiam
ser desenvolvidos por outros componentes curriculares. A música pode ser algo benéfico
aos alunos e não algo necessário ou fundamental à formação dos mesmos. A idéia de
que a educação musical escolar deveria servir a algum fim que não ela própria, às
atividades educativo-musicais deveriam conduzir ao desenvolvimento de algo diferente da
própria música.
Dito de outra forma a música deveria contribuir para reconhecer algo valoroso no
desenvolvimento da capacidade de compreender e vivenciar as atividades lúdicas dentre as
várias práticas humanas, como uma dimensão fundamental da cultura, algo que permeia a
vida de seus alunos, tanto na escola quanto fora dela.
A importância da música para o desenvolvimento cognitivo
Como ja abordamos anteriormente, a música é de grande importância para o
desenvolvimento cognitivo da criança. Outra idéia que pode estar fundamentando as
justificativas dos profissionais refere-se ao caráter “subjetivo” das vivências e
aprendizagens musicais que ocorrem em sala de aula. Se elas não podem ser
compartilhadas e, consequentemente, avaliadas, não parece ser possível justificar o ensino
de música como uma forma de propiciar algo que não pode ser compartilhado nem
avaliado.
Se não é possível definir um conjunto de saberes a ser desenvolvido pelos alunos,
avaliar as aprendizagens dos mesmos e fornecer argumentos capazes de mostrar as
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contribuições específicas da música no currículo escolar, o trabalho concebido e
concretizado no âmbito escolar tem sua relevância comprometida e a música, como
disciplina curricular, acaba sendo desvalorizada e isolada dentro da própria escola.
Nesse sentido, o isolamento da área de música também pode estar relacionado à
escassez de argumentos, por parte dos próprios profissionais, capazes de mostrar aos
demais participantes da escola a relevância da disciplina e daquilo que acontece em sala de
aula. Com isso, as aulas de música não conseguem alcançar a importância, o status e os
propósitos buscados pelos profissionais.
De acordo com Piaget, não existem estados afetivos sem elementos cognitivos,
assim como não existem comportamentos puramente cognitivos. Quando discute os papéis
da assimilação e da acomodação cognitiva, afirma que esses processos da adaptação
também possuem um lado afetivo: na assimilação, o aspecto afetivo é o interesse em
assimilar o objeto ao self (o aspecto cognitivo é a compreensão); enquanto na acomodação
a afetividade está presente no interesse pelo objeto novo (o aspecto cognitivo está no ajuste
dos esquemas de pensamento ao fenômeno).
Nessa perspectiva, o papel da afetividade para Piaget é funcional na inteligência.
Ela é a fonte de energia de que a cognição se utiliza para seu funcionamento.
A importância da música para o desenvolvimento social
A música também traz efeitos muito significativos no campo do desenvolvimento
social da criança, sendo de suma importância do ponto de vista da maturação individual,
isto é, do aprendizado das regras sociais por parte da criança. Quando uma criança brinca
de roda, por exemplo, ela tem a oportunidade de vivenciar de forma lúdica às situações de
perda, escolha, decepção, dúvida, afirmação, entre outros fatores.
Segundo a fenomenologia social, assumimos o mundo cotidiano como um mundo
intersubjetivo; um mundo que existia muito antes de nosso nascimento e que nos é dado
para nossa experiência e interpretação de uma forma organizada, não somente como um
mundo físico e natural, mas também como um mundo sociocultural.
Toda interpretação desse mundo se baseia num estoque de experiências anteriores
dele, as nossas próprias experiências e aquelas que nos são transmitidas por nossos pais e
professores, as quais, na forma de ‘conhecimento à mão’, funcionam como um código de
referência.
O “código de referência” de cada ator, portanto, deriva não somente de sua própria
experiência e interpretação do mundo, mas também das muitas e diversas experiências e
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interpretações vividas por seus semelhantes, sejam eles seus predecessores e/ou
contemporâneos, e a ele transmitidas.
É possível dizer que cada professor constrói uma forma pessoal de conceber e
concretizar o ensino de música nas escolas. Entretanto, essa forma pessoal não é
construída num vazio social. As concepções e ações dos professores também derivam da
experiência e interpretação de outras pessoas; daquilo que vem sendo construído e que lhes
foi transmitido acerca do ensino de música.
A música vai além do cantar. O interessante é que o professor acredita que a música
seja apenas o cantar, mas para que haja música deve haver movimento, pois cada som nasce
de um movimento. O som é a onda invisível e através da sua percepção tornamos esse
invisível, visível; respeitando a medida do tempo no tempo, da medida de suas direções.
Sendo um fenômeno sonoro, a música só pode ser pensada, construída, descoberta,
etc..., através de um objeto palpável que deve ser descoberto pelas crianças a partir de seu
fazer musical.
A noção do conhecimento em música surge da ação da criança com a música, a
criança poderá construir seu conhecimento musical, quando interagir com os objetos
sonoros existentes em seu contexto social. Entende-se por objetos sonoros, todo objeto
produzido ou percebido como som, desde que organizado dentro de uma perspectiva
estética intencionada como música ou como ato de audição. Nesse caso envolverá tanto o
som da voz, quanto os instrumentos musicais definidos, os ruídos, buzinas, campainhas,
canto de aves, ruídos de animais, entre outros. O que define o objeto sonoro é a organização
integrada dos elementos sonoros construídos pelo homem como música.

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